Através do nosso amigo Leonel Silva, ele que já se tornou um colaborador deste espaço, trazemos a celebração de “Strange Frontier”, o segundo álbum a solo do nosso Roger Taylor, que hoje celebra o seu 40.º aniversário.
A 25 de junho de 1984 era lançado aquele que é, para mim, um dos melhores álbuns a solo de um dos membros dos Queen. Hoje 40 anos depois celebramos a genialidade de “Strange Frontier”, o segundo álbum a solo do baterista dos Queen, Roger Taylor.
O álbum “Strange Frontier” seria construído com o intuito de melhorar o que Roger tinha conseguido em “Fun in Space”. Roger começaria as gravações no início de 1983, no Mountain Studios, em Montreux e acabaria por dedicar cerca de um ano neste álbum, tendo aproveitado muito daquilo que não seria utilizado no álbum “The Works” e inclusive muitos dos arranjos dessas sessões seriam utilizados para fazer deste, o álbum a solo de um elemento de Queen que é, na minha opinião, mais aproximado a um álbum original de Queen, sobretudo na era de 80.
O tema título, “Strange Frontier” inicia o disco recordando-nos muito das mudanças sonoras que os fãs de Queen tinham ouvido meses antes em “The Works” e de que Roger com músicas como “Radio Ga Ga” seria um dos principais responsáveis. Há uma mistura de “Tenement Funster” e “Radio Ga Ga” na parte inicial do tema onde a voz melódica e a guitarra acústica misturada com os, agora sempre presentes, sintetizadores transportam-nos para uma nova era musical preparando-nos para a explosão “Rock” do resto do tema e para uma demonstração incrível do poder da voz de Roger. “Strange” é um tema que nos faz ficar com pele de galinha pela sua força e pela sua mensagem de aviso anti-guerra, não nos esquecendo que nesta altura vivíamos em clima de plena guerra fria e o medo nuclear pairava sobre todo o mundo. Uma forma incrível de começar este álbum. Seria lançado como single a 30 de julho de 1984.
O segundo tema “Beautiful Dreams” é um tema ligado para sempre a Portugal. Foi lançado como single exclusivamente no nosso país, algo único na história dos Queen e dos seus membros. Apesar de não haver muita informação sobre as razões deste lançamento diria que terá sido alavancado pela presença surpreendente deste tema num álbum de compilação de sucessos chamado “Jackpot 84” lançado na altura em Portugal, álbum esse que chegou a primeiro lugar das tabelas.“Beautiful Dreams” é uma balada envolvente, quase a fazer lembrar “Drowse” do “A Day at The Races” dos Queen, embalando-nos suavemente como calmante perfeito após a descarga de adrenalina do tema anterior.
Segue-se “Man on Fire”, tema que também terá sido gravado pelos Queen para “The Works” (será que algum dia ouviremos Freddie a cantar este tema?), é uma canção claramente feita para funcionar como single e foi de facto o primeiro single deste álbum. Lançado algumas semanas antes do álbum e com o devido vídeo a acompanhar, “Man on Fire” mostra-nos Roger no seu pico de forma (on Fire) e possuído numa descarga de rock misturado com sintetizadores, bem à moda dos anos 80 e que só Roger poderia escrever. Com um refrão que não nos sai da cabeça somos guiados pela guitarra elétrica de Roger (e há quem afirme que também lá está a guitarra de Brian May) e pelo ritmo inebriante e pesado da famosa bateria do melhor baterista de sempre. Um dos momentos mais altos deste disco.
O quarto tema “Racing in the Streets” é o primeiro cover deste álbum. Escrita por Bruce Springsteen, com quem Roger tem indiscutivelmente muitas similaridades na voz, é uma atualização bem conseguida do tema lançado em 1978 no álbum “Darkness on the Edge of Town” do cantor americano. Aqui ouvimos claramente Roger a divertir-se e a descomprimir naquele que é apenas o segundo tema gravado por elementos dos Queen de outro compositor sem ligação à banda. Sabem qual é o primeiro?
E a fechar o lado A do disco (para quem ainda tem vinis), surge o segundo cover. Uma versão sombria e magistralmente executada da canção de Bob Dylan, “Masters of War”, retirada do álbum “The Freewheelin’ Bob Dylan” de 1963, com uma letra que seria tão atual naquela altura como o é hoje. A interpretação de Roger traz-nos uma dimensão obscura ao tema, que nos hipnotiza no decorrer do mesmo, levando a brilhante mensagem de Dylan a um outro nível.
O lado B abre com “Killing Time”. Este é um tema que nos leva de volta a “Fun in Space”. O uso de bateria eletrónica, baixo sintetizado e a referência à ficção científica assentaria que nem uma luva no primeiro álbum de Roger. É um tema também com clara ligação a “Flash Gordon” e se ouvirem por volta do minuto 3:10 provavelmente irão reconhecer quem faz os coros nesse trecho da música…diz-se que é um tal de Freddie Mercury.
O sétimo tema, “Abandonfire” segue na linha musical do tema anterior. O uso de muitos sintetizadores, um ritmo a fazer lembrar “Radio Ga Ga” com esteroides, numa tentativa de Roger se integrar com o que os artistas mais vendidos dos anos 80 faziam nessa altura. Talvez influenciado por David Richards que ajudou na composição deste tema, fica a sensação de que o tema não atinge a qualidade geral do restante álbum.
“Young Love”, oitavo tema de “Strange Frontier” é um tema simples sem variações de destaque com uma mensagem ligeira e direta. Inteiramente guiado pela guitarra acústica, onde Roger aposta no seu tom médio de voz quase a lembrar Elvis Presley.
“It´s an Illusion” é um tema escrito em parceria com Rick Parfitt, guitarrista dos Status Quo, uma das bandas mais importantes dos anos 80 e que viriam a abrir muitos dos concertos dos Queen. Reza a lenda que Roger se encontrou com Rick em Montreux tendo comentado que iria fazer um novo álbum a solo e que Rick se terá disponibilizado para ajudar a escrever, tocar e cantar num tema. Dessa parceria nasceria o emocionante “It’s an Illusion”, tema com guitarras e vozes de apoio de Rick Parfitt e guitarra baixo tocada por Jonh Deacon, com Roger novamente numa performance vocal de fazer inveja a muitos dos melhores vocalistas do mundo. Outro ponto alto do álbum.
O álbum fecha com “I Cry for You”. Trata-se de Roger de volta às vozes robotizadas que usou com muito destaque em “Fun in Space” e também em músicas dos Queen como “Machines”. Aqui é quase um dueto entre um Roger humano e um Roger robot guiados pelos instrumentos sintetizados mais uma vez inspirados e tocados maioritariamente pelo co-autor do tema David Richards.
Destaque ainda para os vídeos promocionais gravados para este álbum, “Strange Frontier” e “Man on Fire” carregados de humor non sense e clichés, mas que merecem uma visualização onde o à-vontade de Roger perante as câmaras explicam o porquê de Roger não ser ator. 😊
“Strange Frontier” é em suma uma demonstração daquilo que foi e é, na minha opinião, um dos melhores músicos e compositores de sempre no Rock. A voz de Roger é cheia de alma e poder e apesar de não haver em “Strange” uma clara demonstração do baterista incrível que ele é, uma vez que Roger nos seus álbuns a solo sempre deu primazia à sua guitarra, (que não tinha tanta oportunidade de tocar nos Queen devido a um rapaz chamado Brian May), é um álbum obrigatório também para se entender a banda genial que são os Queen, que se podiam dar ao luxo de dispensar canções do calibre das que podem encontrar em “Strange Frontier”.
Longa vida aos Queen!
Longa vida a Roger Taylor!
Viva e Parabéns “Strange Frontier”!
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