- 8 de mar. de 2019

De Rami Malek até a um suposto filho de Freddie lançado em modo clickbait, passando por declarações do nosso Brian, ai está o mais recente texto do nosso colaborador John Aguiar. Já se recuperaram da ressaca das emoções dos Óscares? Nós não… Continuamos ainda meio nas nuvens. Sobretudo com a vitória de Rami Malek… E estou em crer que esta vitória o vai catapultar para outros voos. Importante que ele saiba escolher criteriosamente os passos seguintes. E é curioso como já tratamos, no Queen Portugal e nos inúmeros fóruns, Malek (e o resto da rapaziada) como um dos nossos, um elemento fulcral da família. Assim se vê a qualidade da prestação dele. É o melhor reconhecimento. Mas adiante, hoje temos uma resenha semanal do Universo Queen e alguns insights sobre o mesmo.
Por falar em Rami Malek, consta que o actor poderá interpretar um papel de vilão no próximo filme da saga 007. O filme sai em 2020, é realizado por Cary Joji Fukunaga (True Detective) e é a despedida de Daniel Craig do papel de James Bond. Parece que as negociações estão ainda a decorrer, não há fumo branco, mas é uma hipótese que tem sido reportada em vários sites da especialidade, havendo só a incógnita sobre a personagem de Ernst Stavro Blofeld introduzida no último filme, o que poderá fazer cair a necessidade de um 2º vilão. Mas, a confirmar-se, este sim, este seria um passo bem importante para a carreira dele! Mercury vs Bond?! O Freddie ia só amar isto!
Ainda sobre Bohemian Rhapsody, a Ultimate Classic Rock reproduz interessantes palavras de Rami Malek sobre o que ficou de fora do filme, ao mesmo tempo que o artigo reflecte sobre como uma sequela parece estar fora de hipótese. Temporalmente, iria ser difícil de acertar alguns detalhes, nomeadamente Hutton e a doença. Malek afirmou que gostaria que se tivesse mostrado mais da relação com o último companheiro de Freddie e que por ele haveria mais uma hora de filme só para preencher algumas lacunas respeitantes a isso. Não aconteceu, mas Rami Malek lutou para mostrar um pouco mais da beleza dessa relação.

Brian May deixou uma reflexão sobre os Óscares, manifestando a excitação do momento da abertura da cerimónia, olhando para a plateia, cheia de ídolos a cantar as músicas da banda. Revelou também que o produtor do certame de há 40 anos a esta parte congratulou a banda pela melhor abertura que teve. Apesar da felicidade que May mostrou pelo reconhecimento que Mercury teve, mostrou-se extremamente desagradado com o jornalismo da especialidade, acusando-os de desacreditar um ou outro filme (ou todos) durante a contagem decrescente para os Óscares, através insinuações e insultos, de modo a influenciar a votação dos membros da Academia. Ainda sobre o assunto, e como May se reportava essencialmente à dureza da crítica para com Bohemian Rhapsody, ele recomendou este excelente artigo. Muito sinceramente, sugiro também que leiam o artigo. Aponta as razões da vitória nos Óscares, sendo que, sem revelar muito sobre o trabalho, o que me salta logo à vista é o de o filme ser despretensioso e de querer ser bem claro no propósito de agradar às pessoas, fazê-las sentirem-se bem e cantar. Só! Além disso, é dado um toque ao “politicamente correcto” de hoje, quando se fala na temática da homossexualidade. Para muitos jornalistas e críticos, Mercury tinha de triunfar a gritar que era gay, pois só isso tem valor e que torna válida qualquer luta. Como se isso fosse decisivo para o valor de uma pessoa… Uma jornalista foi mais longe, ao dizer que o filme tinha de ter tido uma cena de sexo anal… Incrível! Mas a sério!!! Leiam o artigo e vão renovar, se caso disso for, a vossa fé no filme e querer vê-lo de novo.

Ainda com May, e para o site Prospect, o guitarrista, que assumiu que gostaria de ser recordado como um activista pelos animais (lamento, não irá suceder), revelou que num mundo governado por ele todo e qualquer homem seria livre e todos teriam uma voz. Na mesma publicação, o Doutor falou da sua campanha, a Common Decency, que busca verdadeira democracia e um Reino Unido e um mundo com mais compaixão. Para ele, todas as vidas contam e que é errado causar sofrimento a qualquer criatura, humana ou animal. Aliás, os animais estariam acima da política. Também recomendo a leitura, aqui, mostra um Brian May num registo ao qual não estamos habituados, fora da música. Notamos o homem de causas, esquecemos os seus solos fantásticos e submergimos em alguém que quer deixar um legado além de We Will Rock ou de milhões discos vendidos. Não que os renegue, mas nota-se bem que não quer ser só isso para gerações futuras e empenha-se a fundo nisso. Aliás, temos acompanhado as suas várias iniciativas: a fotografia, astronomia e a luta pelos animais.
No âmbito da patetice. Corre nos EUA uma notícia que Freddie Mercury tem… um filho secreto na Alemanha. A notícia é apresentada em modo clickbait e a sustentabilidade é dada por uma mulher que, alegadamente, fazia parte das entourages de Freddie em Munique e que desapareceu repentinamente e que hoje diz que o seu filho, provavelmente, é de Mercury porque… quando deixou crescer o bigode ficava parecido. E pronto, é só isto! A piada escreve-se por si…
Por fim, duas notícias tristes: as mortes de Mike Grose e de Gerry Stickels. Grose foi o primeiro homem do baixo sob o nome Queen e o 2º o tour manager durante vários anos. Dois elementos ligados à história da banda e que puderam privar bem de perto com os nossos ídolos em momentos diferentes das suas vidas.


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- 3 de fev. de 2019

Em cada tema, cada fã tem a sua opinião, e como espaço plural que somos, vamos mostrar a opinião do nosso colaborador John Aguiar sobre a parceria Queen + Paul Rodgers, que é totalmente contrária à da nossa administração, que retira da colaboração com Paul algo muito interessante, com conteúdos muitos bons, e que pela primeira vez trouxe a Portugal os nossos heróis.
Paul Rodgers é um vocalista com uma vasta carreira musical que vem desde finais da década de 60. Destacou-se inicialmente, até inícios dos 70’s, com a banda Free, numa mistura entre rock e blues, ajudando a banda a ser uma das mais relevantes do panorama musical inglês durante a sua curta carreira. O hit “All Right Now” é dessa época. Pelos 70s, depois de encerrar as actividades com a sua primeira banda, Rodgers ajudou a fundar os Bad Company (um dos elementos da banda era um dos guitarristas dos Mott The Hoople, fulcrais no início carreira dos Queen), coleccionando também alguns hits de algum destaque. Nos 80’s e 90’s, entre aventuras a solo e noutras bandas menores, manteve uma produtividade constante.
Surge-me este tema hoje por ter lido as palavras de Rodgers a uma rádio americana. Long story short, em 2004 surge a oportunidade deste se juntar aos Queen e o resto é uma história com capítulos interessantes. Não vou fazer o descritivo da carreira dele “connosco”, é conhecida. Optarei antes por falar da referida entrevista. Rodgers apelidou o tempo nos Queen como uma aventura louca, saída do nada, mas encarada como um enorme desafio, em que o próprio tinha de se colocar a teste, a ver se conseguia. Não se acobardar perante tamanha tarefa. E a verdade é que os Queen voltaram às tours e ao estúdio com Rodgers. E com relativo sucesso. De destacar ainda a postura do vocalista, ao referir, na dita entrevista, que ainda hoje é amigo de Brian e Roger e que “love the guys”. Brian May, noutra ocasião, havia referido também que o tempo com Paul Rodgers, com quem se divertiram à grande, foi mesmo uma grande experiência, mas que Lambert é mais a cena Queen.
Pessoalmente, tenho de concordar com Brian May, que havia referido que Rodgers levou a banda a novos territórios. Mais bluesy. Eu estive em Belém em 2005 e foram de facto uns Queen diferentes… Não irei dar uma apreciação ao concerto em si, mas notou-se que a banda estava a explorar novas sonoridades. Uns Queen adaptados aquilo com Rodgers (que é um excelente cantor) tinha para oferecer. Admito que talvez Brian e Roger quisessem também fazer coisas diferentes com o catálogo dos Queen. Não vou dizer que está certo ou errado, pois Bri e Rog têm legitimidade para tudo (e não estão a desrespeitar Freddie no que concerne ao aborrecimento do seu legado). Apenas, desculpem… Não eram os meus Queen. Foi giro ver Brian May e Roger Taylor ao perto (e que falta me fez Deacon), mas não eram os meus… Mas de facto, foi giro vê-los ali, ao vivo. Foi óptimo perceber a vontade, depois de 20 anos sem levarem Queen a concerto, daqueles dois imponentes dinossauros em fazer música para milhões de fãs. Em ser aquilo que sempre foram: dedicados a nós! E nisso foram insuperáveis. Mas a música não era a mesma e o sabor, no fim, demasiado agridoce.

Cosmos Rocks. Epah, sem rodeios. Detesto! É uma mancha no CV dos Queen. Não consigo engrenar na cena do facto de ter o nome Queen ser suficiente para gostar… Foi, a meu ver, um erro grande fazer um disco com Rodgers. Lá está… May e Taylor sentiram-se legitimados para tal, nada contra. É como digo, respeito-os, é a vida deles. Mas como fã… caramba! Que gaffe… Rock fanhoso e fácil, sem qualquer daquela centelha da nossa grandeza. Admito, ouvi o disco uma vez, logo quando saiu, e nunca mais lhe toquei. Letras fáceis… Rápidas demais. Aquela coisa muito “nós somos velhos, mas somos bué rock n’ rol”. Sem aquele “tongue in cheek” que são os Queen. Aquela provocação. Rodgers dá o máximo das suas características. E leva a nossa música a novos territórios… Mas são territórios difíceis para nós. Diferentes. Demasiado fora.

O stint de Paul Rodgers connosco foi, convenhamos, um bálsamo para todos nós. Há anos que não sabíamos o que era Queen em palco. Eu nunca sequer havia visto May e Taylor ao vivo. Sim, foi um registo diferente, porque encarámos o facto de Freddie ser inimitável e que qualquer coisa serviria desde que tivéssemos mais Queen. Mas… não é assim. E não é a minha praia. Sou muito “Deacon” nestas coisas ficam a saber. Sim, May e Taylor, não me canso, estão plenamente legitimados. É a vida deles, caramba! Respeito-os à brava. Mas não foi mesmo para mim aquele período… E ainda hoje não lido bem com o facto, sobretudo, de existir um álbum chamado Cosmos Rocks com o nome Queen… Mesmo que com Paul Rodgers.
- 18 de jan. de 2019

Passamos a publicar o mais recente texto no nosso novo colaborador John Aguiar, recordem aqui o seu primeiro texto para o Queen Portugal - Queen Novamente Campeões do Mundo. Sou fã dos Queen desde os meus 14/15 anos (nasci em 1980). Até aí ouvia música, na rádio, de onde ia gravando aquelas músicas que mais gostava, ou na ocasional cassete que o meu pai arranjava através dos colegas. Mas a verdade é que não era um entendido… Gostava muito (ainda gosto) dos Nirvana). Mas nem sequer era um verdadeiro conhecedor. Tive o meu primeiro leitor de CD’s só em 1995 (tarde portanto….). Conhecia Queen ao nível amador, os hits habituais na rádio. Gostava, sim. É impossível a qualquer pessoa sã não gostar de, pelo menos, 3 ou 4 músicas das mais conhecidas. Mas era por aí que ficava.
Entretanto, cruzei-me com o Greatest Hits II… Emprestado, claro. Não hesitei, coloquei uma cassete virgem (transparente em tons de verde, tal como a caixa) no deck e bota de carregar no Rec. Já conhecia boa parte das músicas, sim… Mas nunca as tinha ouvido de seguida… Nunca tinha apreciado os cambiantes internos de cada música… E de música para música. De como passava do já batido e radiofónico “A Kind of Magic” ao doce embalar pungente de “Who Wants To Live Forever” ao estranhamente viciante e nunca antes ouvido por mim “The Invisible Man” ao hard rock de “Headlong”. Sim, todos conhecíamos os hits da banda, mas não os conhecia assim… Saltitando de género em género. Queen era algo que não havia percebido antes. Não havia entendido… Na sua plenitude! A partir daí chegava a casa, ia à aparelhagem, sentado no chão, entender mais daquela banda. De Freddie Mercury e Brian May (os demais nem sabia o nome ainda). Tinha encontrado um amor para a vida. E estava justamente a perceber isso.

Entretanto, um amigo de escola, tinha o GH I. Não hesitei, tive de o pedir emprestado. Mais uma cassete a ser utilizada. Novamente, uma explosão sonora… Era uma nova dimensão. Diferente do que já conhecia! O provocante “Killer Queen”, o hino “We Are The Champions”, a balada “Somebody To Love” e, claro, “Bohemian Rhapsody” (não há adjectivos) soavam tão diferente ao que havia ouvido na outra cassete por mim já gravada. Como era possível esta variedade…? Tantas vertentes! Hard Rock, ópera, balada, pop… E ouvir os GH’s de seguida então… Claro, que tive de pedir a um vizinho o Live At Wembley 86. Ao vivo, tudo ganhava outra dimensão. Percebia-se plenamente o pavonear de Freddie em cada música. O majestoso som sacado naquela guitarra cujo nome nem sabia ou nem palpitava ser tão importante. As subtilezas explosivas do baixo e o poder da bateria. Mas nem sabia muito bem de onde vinha cada uma destas nuances. Aos 16 anos, já o meu amor é claro… Queen! Prenda do padrinho? Made In Heaven. Antes, na rádio, quando ouvi a primeira vez “You Don’t Fool Me” (lembro-me perfeitamente onde de resto, na Associação de Estudantes) já conhecia perfeitamente aquela conjugação de vozes. E naquele “AAAHHHH” inicial gritei logo na minha cabeça: esta música é de Queen e é nova. Só pode! No Natal, os meus pais não tiveram de pensar muito: o VHS do documentário Champions of the World. Visto e revisto vezes sem conta. E à hora do jantar, contei vezes sem conta os pormenores da caminhada dos Queen… O vício, a paixão, a busca do que podia agarrar era só no que pensava. Tinha de saber mais. Converti-me num fã.
Recordo: eram os 90’s. Não havia internet disponível (vivia numa aldeia), os CD’s caríssimos e o YouTube eram um sonho… Entretanto, tinha recebido um CD de Green Day, Insomniac. A anos-luz do excelente Dookie. Não gostava. Em conversa com um amigo de escola, surgiu a oportunidade: troquei-o pelo Innuendo! Absolutamente fantástico! Desde a faixa-título, um BohRhap 2.0, a Don’t Try So Hard ao poder heavy de Hitman (ainda hoje das minhas favoritas) e o murro comovente These Are The Days of Our Lives, de onde tinha visto no VHS um Freddie tão doente… Era tudo belo. Sinfónico, hard rock, pop brincalhão… Havia de tudo! Nesta voragem, já havia mandado estampar o emblema dos Queen numa t-shirt (com uma imagem que vinha no booklet de Made In Heaven).

Fase seguinte. Numa visita ocasional a uma (saudosa) loja da música pedi aos meus pais o The Miracle. Afinal, tinha o “I Want It All”…. Não desiludiu, além dessa, tinha uma das músicas que se tornou das minhas favoritas (de Top 5) do meu novo amor e eu estava ali a descobri-la: Was It All Worth It! Os booklets entretanto, devorados à exaustão… Ah, e a capa da minha nova aquisição estampada noutra t-shirt!
Numa outra loja de música, um outro item: o GH I em… VHS! Os videoclips!! Caríssimo, claro. Nada a fazer, ia juntando uns dinheiritos, aqui e ali, namorava a cassete sempre que podia… E quando chegou o dia fui lá comprá-la! E corri para casa! Vê-la, vezes sem conta. Inclusive listei, à mão numa folha, as músicas todas por ordem com o autor de cada uma…
Em 97, surgia uma música nova. Mais um tesouro… “No One But You (Only The Good Die Young)”! Ouvida, absorvida, pensada e repensada… Mal sabia que seria uma espécie de canto de cisne dos originais. Sim, existem as faixas de Queen Forever, mas são uma reciclagem e recuperação do que estava já feito. E não, lamento, não conto com o Cosmos Rocks. Ouvi uma vez e chegou-me… E claro, foi ainda o ponto final para John Deacon, cuja falta sinto também… Mas a paixão estava lançada e cimentada. Era agora um fã de Queen! E tudo isto, entre finais de 95 e meados de 97!

E foi assim como tudo começou… Enquanto outros eram fanáticos de bandas do momento (atenção, eu também gostava muito mesmo do que estava a acontecer, o grunge sobretudo), eu tinha o garbo em ser diferente: era fã de Queen! Vestia a camisola em público e tudo! E enquanto outros escreviam nas mesas das salas de aula músicas da hora, eu escrevinhava, confesso, Killer Queen ou I Want It All… E Queen é daquelas paixões que nunca mais se larga!
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