- 19 de jul. de 2019

Chegou o dia em que a "gente porreira de Portugal" tem o desafio e o dever de falar de um dos nossos maiores ídolos, e isto afinal é mais difícil do que nós poderíamos pensar, pois falar de Brian Harold May, nascido a 19 de julho de 1947 (72 anos) em Hampton, Middlesex, Inglaterra Reino Unido, é fácil pois basta ir a Internet e pesquisar e aparecem milhentos resultados.
Mas agora, falar do virtuoso da guitarra, do génio da música, das obras primas que compôs que perduram até hoje e certamente irão perdurar até à eternidade, juntando a isto tudo o ser humano humilde e bondoso, sempre disposto a dar uma palavra aos simples fãs, apesar de ser um monstro sagrado do mundo da música, a capacidade interpretativa de fazer o público ir à loucura, é de facto o que queremos salientar nesta data tão importante. 19 de Julho é também dia de festa para todos os fãs dos Queen!
É um lugar comum dizer se que há algumas pessoas que deveriam ser eternas, e Brian May é uma dessas pessoas por tudo o que nos faz viver e sentir através da sua música, resta-nos como tal,desejar que o Brian May possa celebrar este dia por muitos anos sempre recheados com saúde paz e amor. Pois como fãs seremos eternamente gratos pelo facto de podermos celebrar a sua vida, e a sua música, por toda a eternidade!
Muitos parabéns Brian May! Happy Birthday Brian!
- 10 de mai. de 2019

Chega a hora de publicarmos o mais recente texto do nosso colaborador John Aguiar, que desta vez no vem falar da temática de Adam Lambert e os Queen.
Tenho evitado alongar-me muito sobre a caminhada de Adam Lambert com os Queen. Faço isto de um modo consciente, pois quem me acompanha sabe a minha posição mais… “conservadora” sobre o assunto. Ou se preferirem, mais “Deaconiana”. Frisei uma vez neste espaço e repito: Brian May e Roger Taylor fazem o que entenderem com o legado dos Queen e não vejo a actividade corrente da banda, em todas as vertentes, como uma “traição” à vontade de Freddie Mercury, designadamente a música que têm levado a palco com Lambert. Da minha parte, não acompanho de perto (não os vi ao vivo por opção própria) apenas porque, lá está, sou mais conservador neste particular, sou fã de Queen, a banda. Confinada ao período 1970 a 1995. Só isso… Hoje em dia essa banda não existe, logo não a sigo. É simples. Mas respeito os meus “camaradas” neste culto que é esta banda que mantêm este entusiasmo nesta encarnação dos Queen. E eu nem sequer debato isso. Assim, como espero que ninguém debata esta minha posição.
Da parte de Lambert, e por mim, só agradeço o seu entusiasmo pela tarefa que tem em mãos. Obviamente que já “chequei” as suas prestações, via YouTube, e sinceramente o que mais me apela é a sinceridade dele como vocalista para May e Taylor na música dos Queen. Nos clássicos que todos conhecemos… Aquela fleuma toda é tudo Lambert… E sim, pode fazer lembrar, em certos aspectos, Mercury e o entrosamento é muito mais orgânico do que com Rodgers. Mas é tudo ele… A ser o que gosta ser, como artista, e a encarnar toda a flamboyance que as músicas pedem. Nisso, não duvido que os Queen o libertaram para também ser mais ele. E afirmo: se tivesse que definir a sua prestação numa palavra essa seria sinceridade. E eu gosto disso!

Estes 8 anos de Q+AL levaram o cantor a admitir, recentemente, que os Queen o ajudaram a sair de um período negro da sua vida e que sem o auxílio deles teria sido impossível. As prestações nestes anos levaram-no a redescobrir a paixão pela música, estando neste momento a compor músicas para um disco a solo. Segundo o próprio, até a saúde mental de Lambert sofreu com o facto de ter comprometido a sua visão artística, subjugado pela indústria. Sem dúvida que tem uma dívida de gratidão para com May e Taylor, mas também para com os fãs, que o acolheram. Este acolhimento caloroso, os constantes concertos e tudo o que está acontecer é o prémio para a entrega e o esforço de Lambert. E mesmo não seguindo avidamente esta era (sendo até um pouco avesso a isso), tenho de o respeitar. E apreciar o quanto os demais “originais” se divertem com ele…
Por falar em Taylor e no caminho de Lambert, o baterista foi, esta semana, bem claro sobre isso. As comparações com Freddie, para Rog, são inúteis e originadas por pessoas sem imaginação. E foi mais longe: “O Freddie está morto, não vai aparecer, se nos vêm ver a nós, não o vão ver a ele. Não estamos a tentar recriá-lo. Se não gostarem de Lambert, não apareçam. Mas se quiserem vir apreciar a nossa música, venham”.

A postura de Roger Taylor é a devida… Comparar Lambert, por muito valor que ele tenha, a Mercury é de uma injustiça tremenda. Freddie era único… Uma força incomparável da natureza, presenteada com uma sensibilidade única e com um talento raríssimo, ao alcance de muitíssimo poucos na história das artes. E Lambert é um intérprete. De qualidade, que se entrega com paixão, mas não é uma força como Freddie… E nem esse é o objectivo. A ideia é “insuflar” as músicas de vida nova. Continuam familiares, sim, tocadas praticamente da mesma forma, mas ao mesmo tempo soam frescas e os espectáculos são… espectaculares, admito-o.

Por fim, e fugindo ao tema, deixo uma sugestão para vossa pesquisa: Tim Staffell deu uma entrevista a uma radio brasileira, a Band News FM, onde nos fala um pouco da sua carreira e vida além música. Espreitem aqui.
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- 26 de abr. de 2019

.. ou de como Freddie Mercury apelidou Sid Vicious de… Simon Ferocious!
Certamente que muitos de nós já ouviram falar deste famoso confronto. Este é assim o tema do mais recente texto do nosso colaborador John Aguiar, onde nos irá mergulhar um pouco mais fundo nesse célebre episódio da mitologia Queen.
Com os anos 70, o rock, via bandas como os Led Zeppelin, Pink Floyd ou The Who, tornou-se mais operático e mais complexo. Os Queen, claro, foram também inovadores, nas técnicas de gravação, nos vídeos ou no uso das vozes e instrumentos. Com o avançar da década, sobretudo em Inglaterra, começou a surgir uma espécie de reacção ao rendilhado da música tão vigente no mainstream. O punk, despido de arranjos e complexidade, feito de músicas curtas e directas, era cru, visceral, activo politicamente e uma força imparável junto do público jovem. O próprio Pete Townshend, guitarrista e principal letrista dos The Who, afirmou que temeu ser “varrido” do mapa perante o apelo primário do punk, música que falava directamente aos adolescentes. Um pouco à imagem do que a sua banda fez na década anterior, com a geração mod. E não será despiciendo afirmar que os Queen, em 76, sofreram um pouco também. Apesar de continuarem, com A Day At The Races, a cavalgar o grande sucesso obtido com Bohemian Rhapsody, o novo álbum não vendeu tão bem como o anterior.
Este é, mais ou menos, o background da época. De um lado, o punk. Do outro, o rock mais artístico, com os Queen à cabeça. O suposto duelo com os Sex Pistols começou antes do confronto directo. Em Dezembro de 76, os Queen estavam agendados para actuar num popular programa de TV. Seria uma aparição relevante, pois serviria para ajudar a cimentar o disco lançado naquele ano, bem como o consolidar da posição da banda em relação ao cenário da altura. Todavia, ironicamente, Freddie Mercury tinha uma consulta no… dentista à qual não podia mesmo faltar. E o que fez a produção do programa? Agendou uma banda que estava a começar a aparecer. O nome? Sex Pistols. Uma banda que era justamente o oposto dos Queen. Enquanto os nossos já eram famosos, os Pistols eram desconhecidos do grande público, mas já eram uma sensação no underground e não fizeram a coisa por menos com a oportunidade de aparecer na televisão. Entre insultos ao apresentador, uma entrevista bizarra e outras tropelias, a banda passou a ser a nova sensação no Reino Unido da noite para o dia. E a oposição completa ao status quo vigente na música, simbolizado, em parte, pelos Queen, segundo o credo punk.


No início de 77, os Queen preparavam, em estúdio, um novo álbum. No mesmo espaço dos… Sex Pistols. May recorda que as bandas se cruzaram algumas vezes nos corredores, onde apesar de não ter nascido nenhuma amizade, as trocas de palavras eram sempre educadas. O guitarrista chegou inclusive a ter algumas conversas com Johnny Lydon, o vocalista, sempre sobre música. E foi durante este período que aconteceu então a famosa altercação. Durante uma sessão, um ébrio Sid Vicious entrou na sala de controlo de som e confrontou Freddie: “Já conseguiram levar o ballet às massas?”. Estas palavras referiam-se a uma entrevista dada por Mercury, que respondeu: “Oh sim, Simon Ferocious. Estamos a fazer o nosso melhor, darling”. Apelidar uma personagem como Vicious de Simon Ferocious e rematar com um darling é coisa mais Freddie Mercury que consigo imaginar. Aliás, é tão fácil imaginar a lata dele perante alguém que se julgava um bad boy… Mas o que Vicious não sabia era que Mercury era o verdadeiro Mr. Bad Guy! O pseudo-baixista dos Pistols ainda tentou fazer peito, mas Mercury, reza a lenda, agarrou-o pelo colarinho e jogou-o para fora da sala!
Após este evento, Lydon, que já tinha ido ver Queen ao vivo, insistiu em conhecer Freddie Mercury, algo que lhe não agradou muito, pois este estava ao piano no estúdio, com o “Pistol” a aparecer de surpresa. Já Roger Taylor, o rocker residente dos Queen, sem surpresa, estava atento ao fenómeno punk e era um fã da atitude de Lydon, mas apelidava Vicious de idiota. Por outro lado, Lydon ficou boquiaberto e apreciador dos redubs e takes que os Queen faziam em estúdio, enquanto os Pistols tinham de fazer tudo à primeira, afirmando ainda que chegou a ser convidado para fazer back vocals para News of the World, embora não existam provas que sustentem isto.

Tudo somado, conseguimos perceber que uma eventual guerra entre os Queen e os Sex Pistols nunca chegou bem a existir… Existiu uma altercação entre Mercury e Vicious e nada mais. A verdade é que Lydon (também conhecido como Rotten) asseverou que, sobre as questiúnculas com os Queen, no fim de contas o importante é a música e May, décadas mais depois e entrevistado por Steve Jones, guitarrista dos Pistols, afirmou que aqueles haviam feito um álbum que mudou o mundo.

News of the World é, alegadamente, um álbum de reacção ao punk. É, sem dúvida, um álbum um pouco mais “despido”, quando comparado aos anteriores. Creio que os Queen perceberam o que os rodeava e, sem perderem a entidade, quiseram afirmar algo. Quiseram trazer o público para o centro da acção, com We Will Rock You e, apesar dos ventos de mudança, mostraram quem são ainda os campeões do mundo, naqueles que são os principais destaques do disco.