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OS QUEEN ABALAM O BLOCO DE LESTE
Queen Live in Budapest 1986

A 13 de Julho de 1985, os Queen foram o centro das atenções no Live Aid. De um dia para o outro, voltaram a ser a maior banda do mundo. Quem não era fã ficou fã, e quem já o era ficou a querer mais. Isto foi uma surpresa para os Queen, que, poucos meses antes, tinham decidido fazer uma pausa do ciclo incessante álbum-digressão-álbum. O Live Aid relembrou-os de que apreciavam a companhia uns dos outros e que o público ainda os apoiava a 100%. Com energias e vigor renovados, regressaram imediatamente ao estúdio para começarem a trabalhar num novo álbum. A Kind Of Magic, e planearem a sua maior digressão de sempre!

Os Queen tomaram a decisão de não tocar em salas fechadas, mas sim em estádios. Embora isto seja prática comum nos dias de hoje, em 1986 muito poucas bandas chegavam a fazer um só espectáculo num estádio. Apenas uma banda com o êxito dos Queen podia fazer esgotar espaços com estas dimensões. Tinham-no feito na Argentina e no Brasil, e voltariam a fazê-lo. Como disse Freddie, «quanto maior, melhor! Em tudo.» Os bilhetes para os concertos da digressão esgotaram em poucas horas e, ao longo daquele verão, os Queen tocaram para mais de dois milhões de fãs. Oitenta mil deles encontravam-se atrás da Cortina de Ferro.

Quando foram convidados para tocar na Hungria, os Queen agarraram a oportunidade, apesar de isso não representar qualquer lucro. O que os atraía era conseguirem estar à altura do desafio de tocar em território desconhecido e de conquistar novas audiências, em países que até então tinham estado fora do alcance dos concertos de rock. A sua actuação a 27 de Julho de 1986, no Népstadion em Budapeste, foi o maior concerto alguma vez ali levado a palco – um acontecimento de que ainda se fala com admiração na actual Hungria. Foi o primeiro espectáculo dado por um grupo ocidental atrás da Cortina de Ferro. Para comemorar o evento, uma multidão de jornalistas britânicos, voou para Budapeste para assistir ao concerto e à recepção da banda na embaixada do Reino Unido.

«Não nos queriam deixar entrar na Rússia; achavam que íamos corromper a juventude, ou algo assim», comentou Freddie.

János Zsombolyai foi um dos principais cinematógrafos e realizadores da Hungria. Foi contratado para filmar o concerto e, para o fazer, usou todas as câmaras de filmar disponíveis no país (com filme de 35 mm, e não de vídeo, motivo pelo qual a qualidade é tão extraordinária). O resultado final é um filme deslumbrante que capta os Queen no auge das suas forças, oferecendo versões definitivas dos seus maiores êxitos a enormes multidões. Também fornece raros vislumbres da banda nos bastidores em digressão. A chegadas dos Queen num hidrofólio no Danúbio é um momento delicioso, especialmente quando um Freddie «alegre» pergunta ao guia se os edifícios do Parlamento estão à venda:
«
Quantos quartos tem? Há aposentos para os empregados? Oh, não é uma coisa boa para se dizer neste país!»

Zsombolyai também explora as personalidades distintas de cada membro da banda quanto os mostra individualmente nos seus passeios por Budapeste. Vemos Freddie a visitar galerias de arte e a comprar antiguidades, Roger a andar de kart, Brian a subir aos céus num balão de ar quente, e John Deacon a deambular pelas ruas de Budapeste sozinho, a andar de costas e a conversar com uma pequena turista chamada Emma, «E-M-M-A de Edgware».

Durante esta digressão, os Queen tocaram sobretudo os seus êxitos, pois tinham acumulado um grande número deles. Como acontecia a maior parte das vezes, até as suas «novas canções» se tornavam imediatamente clássicos, e esta digressão não foi uma excepção: A Kind Of Magic, Who Wants To Live Forever, One Vision e Friends Will Be Friends, todas acertam em cheio. Os fãs dos primeiros tempos dos Queen foram brindados com Seven Seas Of Rhye, Now I’m Here, Bohemian Rhapsody e uma versão estrondosa de In The Lap Of The Gods… Revisited.

O alinhamento pode até ser parecido com o do Live At Wembley, mas com os Queen nunca se via a mesma interpretação duas vezes. Estavam constantemente a improvisar nas melodias e nas letras, a incluir covers e surpresas, não só para os fãs, mas também para eles próprios se divertirem. Um momento único deveras memorável encontra-se bem documentado neste filme: Freddie e Brian interpretam uma música tradicional judaico-húngara, Tavazsi Szel Vizet Áraszt. Os fãs do leste da Europa nunca a esqueceram.

Infelizmente, as gravações não editadas do concerto já não existem, por isso não foi possível reintroduzir os fragmentos e canções em falta. Contudo, existe um filme interpositivo de 35 mm que foi digitalizado em HD, e é agora acompanhado de uma mistura surround totalmente nova do áudio multifaixa original do concerto. Os Queen nunca estiveram nem soaram tão bem como aqui. Este foi o último concerto completo a ser integralmente gravado em filme, por isso deite fora aquele velho LD, ponha a VHS no lixo e queime o bootleg. Isto é Queen, Hungarian Rhapsody – Live in Budapest no seu melhor.

Ah, e se não for húngaro e quiser cantar esta canção, isto talvez seja útil:

Tavaszi Szél Vizet Áraszt (canção tradicional)

Tavaszi szél vizet áraszt, virágom, virágom,
Minden madár társat választ virágom, virágom,
Hát én immár kit válasszak? Virágom, virágom,
Te engemet, én tégedet, virágom, víragom.

 

E em português:

O vento da primavera sopra as águas
O vento da primavera sopra as águas, minha flor,
Todos os pássaros procuram um par, minha flor,
E eu, quem devo escolher, minha flor,
Eu escolho-te a ti, e tu escolhes-me a mim, minha flor.

 

Rhys Thomas, 2012

 

Os Queen sempre foram conhecidos por assumirem riscos e abrirem novos caminhos tanto em estúdio como nas actuações ao vivo. A digressão Magic, de 1986, não foi excepção. As vendas bateram recordes de bilheteiras no Reino Unido e por toda a Europa desde o início da digressão, em Junho, superando as expectativas mais ambiciosas. A banda preparava-se para actuar num novo local, com um concerto único no enorme Nepstadion, em Budapeste, na Hungria, a 27 de Julho.

Ao contrário do público de outros países onde os Queen já tinham actuado, os húngaros não estavam familiarizados com as muitas tradições dos concertos da banda. Este era, afinal, o primeiro evento destas dimensões naquele país; com efeito, tratava-se do primeiro grande concerto de rock realizado no outro lado da Cortinha de Ferro. Por este motivo, nos dias que antecederam o espectáculo, os jornais locais publicaram guias de etiqueta e protocolo no contexto de um concerto.

O espectáculo foi filmado pela companhia de cinema estatal húngara, a Mafilm Dialog, que precisou de todas as câmaras de 35 mm disponíveis no país – 17 no total –, algo sem precedentes.

Uma versão editada do concerto, com 85 minutos de duração, intitulada Magic: Queen In Budapest, foi transmitida pelo Bloco Comunista – incluindo Polónia, Checoslováquia, Alemanha Orienta, Jugoslávia, União Soviética e Mongólia –, tendo sido exibida em 59 cinemas húngaros no dia de Ano Novo, em 1987. Em Fevereiro desse mesmo ano, o filme foi lançado em todo o mundo como o quarto VHS ao vivo da banda, rebaptizado Live In Budapest, entrando para o primeiro lugar das tabelas de vídeo do Reino Unido.

O alinhamento dos espectáculos da digressão Magic é, essencialmente, uma selecção de êxitos dos Queen em toda a Europa, retirados de todos os seus álbuns e compostos pelos quatro membros da banda. Inclui One Vision, A Kind Of Magic, Under Pressure, Another One Bites The Dust, I Want To Break Free, Bohemian Rhapsody, Crazy Little Thing Called Love e Radio Ga Ga. O público de Budapeste ficou imediatamente impressionado com as músicas e a exuberância do espectáculo da banda.

A saudação de Freddie ao público húngaro naquela noite memorável foi: «Olá a todos. Estão todos bem? É um prazer estar aqui esta noite». Mas mais tarde continua: «Ouçam, deixem-me falar um pouco convosco. Os Queen estão em Budapeste há quatro dias, e acho que esta é a nossa melhor noite, graças a todos vocês. E se não fossem vocês, não estaríamos aqui hoje. Muito obrigado. Se gostarem de nós, voltaremos.»

Mais à frente, imediatamente antes de Love Of My Life, Brian acrescenta: «Esta é a uma noite que nunca esqueceremos.»

Depois de passarem parte do dia a ensaiar uma canção especial para o público de Budapeste, chega o momento de a interpretar. É algo único que os Queen nunca tinham tentando antes, e Freddie parece nervoso. Ele vai ter com Brian e, com um grande sorriso no rosto, diz: «Agora vem a parte difícil». Depois, dirige-se à multidão: «Hoje, pela primeira vez… esta é uma canção muito especial dos Queen para vocês». Seguindo a letra rabiscada na sua mão, Freddie oferece uma interpretação enternecedora de uma antiga canção folclórica húngara. A audiência fica impressionada com o gesto e junta-se ao cantor. Na segunda estrofe, Freddie entoa a melodia e pede à multidão para cantar. O título, Tavaszi Szél Vizet Áraszt, pode ser traduzido como «O vento da primavera protege da chuva». É um momento intenso e comovente com o público a cantar com Freddie, sem saberem que aquela seria a última vez que ele cantaria uma canção especial para o público dos Queen.

Continuando no registo acústico, Freddie e Brian interpretam Is This The World We Created …? Diante de um mar de fósforos e isqueiros acessos.

O alinhamento do concerto termina de forma semelhante aos anterior espectáculos da digressão, com Freddie a regressar ao palco depois dos encores, trazendo uma bandeira gigante aos ombros – num lado, a bandeira do Reino Unido e, no outro, a bandeira húngara. E então começa We Will Rock You, para grande alegria da multidão, seguindo-se Friends Will Be Friends e, depois We Are The Champions. Assim termina mais um espectáculo da digressão.

«Muito obrigado, gente bonita. Deus vos abençoe. Nós adoramos-vos. Boa noite!»

Hungarian Rhapsody: Queen Live In Budapest, digitalmente remasterizado em alta definição e com som surround 5.1, foi lançado nos cinemas de todo o mundo em Setembro de 2012. Foi exibido em mais de 100 salas de cinema de 30 países diferentes – 700 cinemas no total. Em Portugal o filme também esteve em exibição.

Em Novembro de 2012, o concerto de Budapeste foi novamente ditado nos formatos mais recentes, com melhor som e imagem, Hungarian Rhapsody foi editado em todo o mundo em Blu-ray/CD e numa edição Deluxe DVD/CD. O DVD incluía a versão mais familiar dos formatos originais em VHS/LaserDisc, enquanto o CD continha, pela primeira vez, o concerto integral. Infelizmente, as imagens não editadas do filme original não foram usadas, pois já não existiam. Por isso, as canções em falta e outras partes do concerto não puderam ser recuperadas neste lançamento.

Brian «A nossa música presta-se a grandes estádios. Sempre foi dramática e, de uma forma estranha, está sempre à altura da ocasião. Quanto maior foi o local, maior dimensão ela ganha. E Freddie é o líder perfeito, um dos poucos que consegue cativas uma grande audiência».

​Disc 1
1 - One Vision  (Queen)
2 - Tie Your Mother Down  (Brian May)
3 - In The Lap Of The Gods...Revisited  (Freddie Mercury)
4 - Seven Seas Of Rhye  (Freddie Mercury)
5 - Tear It Up  (Brian May)
6 - A Kind Of Magic  (Roger Taylor)
7 - Under Pressure  (Queen & David Bowie)
8 - Another One Bites The Dust  (John Deacon)
9 - Who Wants To Live Forever  (Brian May)
10 - I Want To Break Free  (John Deacon)
11 - Looks Like It's Gonna Be A Good Night  (Brian May)
12 - Guitar Solo  (Brian May)
13 - Now I'm Here  (Brian May)

​​Disc 2
1 - Love Of My Life  (Freddie Mercury)
2 - Tavasi Szel Vizet Araszt  (Veress Sándor)
3 - Is This The World We Created ...?  (Freddie Mercury/Brian May)
4 - (You're So Square) Baby I Don't Care  (Jerry Leiber/Mike Stoller)
5 - Hello Mary Lou (Goodbye Heart)  (Gene Pitney)
6 - Tutti Frutti  (Little Richard)
7 - Bohemian Rhapsody  (Freddie Mercury)
8 - Hammer To Fall  (Brian May)
9 - Crazy Little Thing Called Love  (Freddie Mercury)
10 - Radio Ga Ga  (Roger Taylor)
11 - We Will Rock You  (Brian May)
12 - Friends Will Be Friends  (John Deacon/Freddie Mercury)
13 - We Are The Champions  (Freddie Mercury)
14 - God Save The Queen  (arr. Brian May)

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